Pensar de forma estratégica é saber aonde se quer chegar, passando pela avaliação do percurso e das necessidades e obstáculos que o objetivo impõe. Uma operação intelectual muito abstrata e racional (André Beaufre), que através das hipóteses proporciona a preparação. Há, por outro lado, a utopia que alimenta o objetivo, conformando um equilíbrio essencial para quem busca empreender - ainda mais quando a finalidade é social.
O conceito se funde ao de prospectiva. Segundo Michel Godet, a prospectiva (que abrange pré-atividade ou previsão da mudança e pró-atividade ou geração da mudança) é frequentemente estratégica, ao passo que a estratégia (que abrange clarividência e inovação) apela à prospectiva. A sobreposição se dá, na verdade, quando a prospectiva (O que pode acontecer?) pergunta também "O que posso fazer?". A estratégia, então, coloca as questões "O que vou fazer?" e "Como vou fazê-lo?".
Cenários, assim, são instrumentos para formação do leque de futuros possíveis, servindo à prospectiva ou ao planeamento - segundo Godet, a definição de Ackoff para planeamento não difere em nada da sua para prospectiva. Daí o "planeamento estratégico com base em cenários", sendo que a análise das evoluções passadas (retrospectiva) também serve de insumo. Enfim, são conceitos complementares que se interpenetram.